VILMA SLOMP

A Flor da Pele

A Flor da Pele

Em 1999 a artista rompeu com a forma referindo-se a necessidade em se alimentar da arte criando paisagens imaginarias e o questionamento da nova era digital em sua dimensão a liberdade. Exposição apresentada no Museu Alfredo Andersen em Curitiba.

texto crítico

Arte em Sensações Fotográficas - Silvana de Carvalho /1999 - Editora da Revista Irisfoto

   A fotógrafa Vilma Slomp, aos 46 anos, vive a plenitude de quem pode utilizar a grande paixão pela fotografia para mostrar e concretizar, em forma de imagens, alguns dos sentimentos vitais de todo o ser humano. Sua mais nova criação traz à tona o pulsar da poesia, presença marcante em cada trabalho, desde a concepção do próprio nome da exposição: À flor da pele.

   A mostra representa muito mais do que uma pura e simples reflexão da autora sobre as necessidades presentes na vida das pessoas. É, sem dúvida alguma, um trabalho de arte conceitual que faz, sim uma análise filosófica do cotidiano, mas não pára por aí.

   Rupturas e mudanças de rumo podem ser flagradas em imagens que transgridem o formato tradicional da fotografia. A performance da artista que , apesar de ter iniciado a carreira inspirada em técnicas do mestre Henri-Cartier Bresson, muda a rota até então tradicional de apresentar as imagens em um exercício incansável para vencer o purismo. “Estou tendo a liberdade de experimentar”, justifica. Outra questão levada em conta por Vilma refere-se à necessidade que sente na pele de discutir o “balanço” da fotografia em função da era digital.

   São muitas as informações subjetivas e nascidas da intuição, ferramenta principal na criação das formas que se vê nos 16 trabalhos em exposição. “Tenho uma vivência em cada uma das imagens que, esteticamente, trazem composições independentes”, explica a fotógrafa.

   Começando com Rosas de Chumbo, que cria uma paisagem imaginária sobre a textura de chumbo (que caracteriza como aquilo que é real), e passando por Plumbare Rayograph (o irreal), imagem solarizada e pintada com tinta à óleo cobre dourada, homenagem ao fotógrafo Man Ray (1890-1976): Grega Romana, em que a forma do quadrado surge lúdica detectando a necessidade de se alimentar da arte e Segredos de Cabeceira, que denuncia a vontade de ter liberdade, entre tantas outras imagens, Vilma ainda reúne na exposição quatro fotos montadas em tela e que se referem à pele: Paisagem Cervical (remete à coluna), Cisão, Braços e a imagem que inspirou o nome da mostra À Flor da Pele, homenagem ao artista ítalo argentino Lucio Fontana (1899-1968), que questionava o que existia atrás da tela, dando nova dimensão ao infinito.

   Eternidade, aliás, é o tema permitido para quem estiver disposto a seguir esta viagem proposta por Vilma. “Tudo na vida é questão de sensibilidade”, afirma, madura com a chance de, hoje, ter estrutura e estar de bem com a vida para deixar os sentimentos à flor da pele tomarem conta de suas obras.

   “Acabou a angústia, a irritabilidade da juventude. Estou em uma fase tranqüila da maturidade, é bom sentir a necessidade de querer renascer diariamente”, ensina.

 

Silvana de Carvalho /1999

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